domingo, 25 de agosto de 2013

O rádio e sua função social


    





     Há quem diga que, no mundo atual, em plena era das modernas tecnologias, o rádio perdeu seu espaço como um dos mais importantes meios de comunicação. Mas creio que é um engano pensar dessa forma, pois no Brasil, um país de dimensões continentais e diversas realidades sociais, nem todas as pessoas de todas as partes do país têm acesso a essas modernas tecnologias.
    Então, o rádio continua tendo seu espaço no dia-a-dia da população brasileira, pincipalmente por ser um meio de comunicação bastante democrático. Ele atinge pessoas de todas as classes sociais, tendo um público variado formado por donas de casa, empregadas domésticas, caminhoneiros, aposentados, taxistas, porteiros, empresários, executivos, mas também desempregados e analfabetos, dentre outros.
     O rádio oferece uma programação variada que inclui, além da reprodução de músicas, a transmissão de notícias, a prestação de serviços à comunidade através de avisos, recados, divulgação de eventos, entrevistas e programas educativos.

 Um pouco da história do rádio no Brasil
 
     As rádios existentes no Brasil (quase todas) até 1930 eram clubes, associações ou sociedades sustentadas pelos ouvintes que pagavam uma mensalidade para cada "clube" produzir e emitir, no ar, suas programações.
     Nenhuma emissora ficava mais do que quatro horas seguidas no ar. Era como se evitava o superaquecimento dos transmissores. Na época, existiam poucos aparelhos receptores. Os equipamentos custavam caro e eram importados da Europa e dos Estados Unidos. Esta é uma das razões por que o rádio, em seu começo, não era considerado um meio de comunicação popular.  Além disso, a programação refletia o gosto da elite da época, colocando no ar óperas e conferências -  algumas em língua estrangeira. Estas foram as principais atrações durante toda a década de 20 em nossas rádios.
     A primeira emissão radiofônica realizada no Brasil aconteceu no dia 6 de abril de 1919, através da Rádio Clube de Pernambuco, fundada no Recife por Oscar Moreira Pinto.
     Três anos mais tarde, um serviço de "rádio-telefone com alto-falantes" transmitia o discurso do então presidente Epitácio Pessoa, no Rio de Janeiro, durante as comemorações do Centenário da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro de 1922.
     No dia 20 de abril de 1923 começou a funcionar a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a atual Rádio MEC. Criada por Roquette Pinto e Henrique Moritze, tinha como objetivo "lutar pela cultura dos que vivem em nossa terra."


Edgar Roquete Pinto, considerado o "pai da radiodifusão" no Brasil.




                                                              Henry Moritze
 

     A Rádio Sociedade, do Rio de Janeiro, deu início à história do rádio educativo brasileiro. As transmissões educativas eram a base da programação da emissora, que transmitia cursos de línguas, geografia, história, física, química, palestras científicas e momentos literários infantis.
     Em 1932, o Decreto nº 21.111, de 1º de março, que regulamentou o Decreto nº 20.047, de maio de 1931, primeiro diploma legal sobre a radiodifusão, define o rádio como "serviço de interesse nacional e de finalidade educativa". No mesmo ano, o Decreto nº 21.111, autoriza a veiculação de propaganda pelo rádio, tendo limitado sua manifestação, inicialmente, a 10% da programação.
     A Rádio Escola Municipal, do Rio de Janeiro, também criada por Roquette Pinto, em 1934, começou a moldar a educação radiofônica no Brasil com o envio de lições e trabalhos pelo correio. Os alunos inscritos nos cursos mantinham contato por cartas, telefone ou através de visitas. Em 1941, o número de trabalhos recebidos pela emissora passou de vinte mil. Devido a essa grande demanda, a rádio alterou sua proposta original e o próprio nome, passando a chamar-se Rádio Difusora, pois adquiriu a função de difusora educativa e cultural.
     Em 1935, a Rádio Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, cria vários programas de notícias.  Em 1936 é criada a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que foi a primeira em audiência por mais de vinte anos. 
     Em 1938, inaugurou-se o programa "A Hora do Brasil". No ano de 1941, surge o Repórter Esso, criado pela Rádio Nacional, durante a II Guerra Mundial. O programa ficou no ar até 1968.
     Em 1940, o Decreto Lei nº 2.073, do presidente da República Getúlio Vargas, criou as Empresas Incorporadas ao Patrimônio da União que, entre outras, encampou a Rádio Nacional, de propriedade do grupo A Noite.
     É criado o Grande Jornal Falado Tupi, da Rádio Tupi, de São Paulo, em 1942. A Rádio Nacional do Rio de Janeiro leva ao ar a primeira radionovela: "Em busca da felicidade".



     Encontrei no Youtube a transmissão do último capítulo da radionovela citada acima. Ouçam!

É isso mesmo! Não tem imagem! Na época das radionovelas exercitava-se muito a imaginação!

Muitos artistas como Glória Meneses, Tarcísio Meira e Paulo Gracindo, Chico Anísio, Lima Duarte, Cauby Peixoto, dentre outros, que conhecemos através das novelas e dos programas das redes de televisão, iniciaram suas carreiras no rádio.




 
     Em 1947, foi criada a "Universidade do Ar", uma parceria entre o SENAC, SESC e emissoras associadas de São Paulo, com o objetivo de oferecer cursos comerciais radiofônicos. Os programas eram gravados em discos de vinil e repassados às emissoras que retransmitiam as aulas três vezes por semana, nos chamados radiopostos. Nos dias alternados, os alunos estudavam por meio de apostilas e faziam as correções dos exercícios com o auxílio dos monitores. Estima-se que, na década de 50, esses programas atingiram 318 localidades e 80 mil alunos.
     Esses programas foram precursores do modelo de Educação à Distância que vemos nos dias atuais.
     Pois é! A fórmula da EAD é antiga. A novidade fica por conta das ferramentas utilizadas para que essa educação seja cada vez mais eficiente. Na EAD, atualmente, são utilizadas as potencialidades de todos os veículos de comunicação disponíveis e capazes de levar a formação pedagógica a lugares onde o investimento na educação presencial é precário.
   A educação presencial demanda investimento e gastos na infraestrutura, ou seja, na construção de prédios adequados, na compra de equipamentos e materiais didáticos, dentre outros. A educação à distância é um meio mais econômico de levar educação a lugares remotos e atingindo um número muito grande de pessoas, democratizando, assim, o acesso ao ensino.


Essas figuras ilustram a Educação à Distância moderna, com uso de computadores e satélites. É possível acompanhar as aulas até por celular! Não é incrível a tecnologia?!
 
 
 

 
 
        
Referências:
 
 
 
 

Marco Civil da Internet


     O Marco Civil da Internet” é um projeto de lei que tem por objetivo principal a garantia dos direitos, deveres e princípios para a utilização e o desenvolvimento da Internet no Brasil.
     A expansão do uso da Internet por empresas, governos, organizações da sociedade civil e por um crescente número de pessoas colocou novas questões e desafios relativos à proteção dos direitos civis e políticos dos cidadãos.
     O projeto de lei (PL) partiu de uma iniciativa da Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, que, em parceria com o Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, “estabeleceu um processo aberto, colaborativo e inédito para a formulação de um marco civil brasileiro para uso da Internet”. Esse processo incluiu uma série de audiências públicas, além de disponibilizar todo o material em discussão no sítio da Câmara dos deputados para sugestões e consultas de toda a sociedade.
     O PL inspirou-se na Resolução de 2009, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.BR) intitulada ‘Os princípios para a governança e uso da Internet’ (Resolução CGI.BR/RES/2009/003/P).”
     Em 24 de agosto de 2011, o projeto de lei foi apresentado à Câmara dos Deputados, recebendo o número 2.126/2011. A Câmara formou então, Comissão Especial para apreciação desse e de outros projetos correlatos que passaram a tramitar apensados ao Marco Civil da Internet.
    “A iniciativa e a proposição do Marco Civil da Internet ganharam repercussão nacional e internacional, levando o Brasil a ocupar posição de destaque por sua organização de governança multissetorial e pela elaboração de um marco regulatório que definisse os princípios-chave da Internet, livre e aberta, e as regras de proteção ao usuário, conforme corroboraram as inúmeras opiniões de figuras notáveis no contexto da Internet, como os internacionalmente conhecidos partícipes do início da Internet e da Web, Vint Cerf, Tim Berners-Lee e Steve Crocker.”

     De acordo com o diretor do SindiTelebrasil (sindicato das operadoras), Alex Castro,  países como Chile e Colômbia adotam apenas diretivas sobre o uso da Internet, não um marco regulatório específico. O Brasil seria pioneiro em ter um marco civil para Internet.

      Vejam  esse vídeo onde o relator do Marco Civil da Internet, deputado Alessandro Molon (PT/RJ), fala sobre o assunto.
 

     Há alguns anos, a maioria dos crimes cometidos por pessoas utilizando a internet ficavam impunes, pois a nossa Constituição, de 1988, não tratava de crimes no ciberespaço.
     As primeiras tentativas de regulamentação do uso da internet visavam apenas a criminalização das condutas inadequadas na internet, ferindo as características fundamentais da internet que são a liberdade de expressão, a neutralidade da rede e a privacidade.
        O Marco Civil da Internet veio para garantir que a internet continue sendo uma rede aberta, democrática, descentralizada e aberta à inovação, pois garante a aplicação do devido processo legal, quando necessário.  
     O Marco Civil não trata de cibercrimes, de direitos autorais nem de dados pessoais no sentido amplo porque são matérias que exigem uma análise à parte e com a participação de todos os setores da sociedade.
    O Presidente da Comissão Especial do Marco Civil na Câmara dos Deputados, o Deputado João Arruda prometeu que no dia 19/09/2013 o Marco Civil será votado na Comissão.
 
Referencias: